Raiz é capaz de aniquilar tumores cancerígenos

Raiz é capaz de aniquilar tumores cancerígenos

Testes demonstram que cúrcuma elimina células de melanoma, o tipo mais grave de câncer de pele.

Beatriz CastroGoiânia (GO)

A equipe do Globo Repórter viajou para Goiás em busca de uma riqueza pouco explorada. No cerrado brasileiro, uma especiaria trazida da Índia se adaptou bem. Pelo nome, pouca gente conhece o cúrcuma. É uma planta da família do gengibre. A parte usada na culinária fica na raiz. Depois de seca e moída, ela vira um ingrediente que a dona de casa chama de açafrão.

 

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Raiz de cúrcuma, de onde é extraída a curcumina

“Na raiz encontram-se todos os componentes do açafrão, inclusive o corante, que é a curcumina, que é bem amarela”, explica o engenheiro de alimentos Celso José de Moura, da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Celso José de Moura explica que a planta dá em qualquer lugar e requer pouca água. Mas o sabor do açafrão da terra, como é conhecido na região, caiu no gosto do povo goiano. Uma boa galinhada fica bem amarela por causa do tempero.

Mas o que ninguém conhecia era o poder de cura dessa raiz. A riqueza maior da cúrcuma está sendo descoberta nos laboratórios da UFG. “Quanto mais pesquisamos mais nos empolgamos porque o número de doenças em que ele tem se mostrado ativo é realmente impressionante”, diz a química Lídia Andreu.

A curcumina, um pó amarelo extraído da raiz, é cicatrizante e antiinflamatório. É usada há mais de cinco mil anos na ayurveda, a medicina tradicional indiana. Por isso, Marcella Carneiro, uma bióloga apaixonada por plantas medicinais, questionou: seria a curcumina poderosa também contra o câncer?

Marcella aplicou a curcumina sobre células com melanoma, o mais grave tipo de câncer de pele. Em poucas horas, um resultado impressionante.

“Nossos testes demonstraram que ela matou 90% de células de melanoma. A curcumina pode agir de duas maneiras: impedindo o crescimento das células cancerígenas e provocando a morte celular, aniquilando o tumor”, esclarece Marcella Carneiro.

O núcleo das células com câncer é implodido pela curcumina, mas os pesquisadores ainda não sabem os efeitos colaterais. Em breve, pacientes terminais devem testar um tratamento experimental em Goiânia.

“É muito interessante saber que a partir de uma especiaria você pode obter um tratamento para o câncer, por exemplo”, ressalta Marcella Carneiro.

O maior desafio é aumentar a absorção da curcumina pelo corpo humano. Para isso, os pesquisadores precisam vencer outro obstáculo: dominar a técnica de extração da curcumina. O extrato da planta é importado – e caríssimo.

“Pagamos em torno de R$ 1 mil por dez gramas de curcumina pura. Então, se conseguirmos extrair curcumina de alta qualidade, pura, com certeza o medicamento vai se tornar mais eficaz e vai ser bem mais barato. Eu diria que, para a saúde, esse pó amarelo vale ouro”, constata Lídia Abreu.

Mais um motivo para popularizar, no Brasil, essa especiaria tão comum na Índia.

http://g1.globo.com/globoreporter/0,,MUL1021421-16619,00.html

 

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