102/124 AS ORAÇÕES DOS HOMENS

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Nossa especialidade é examinar as preces dos seres terrenos, acudindo às casas de oração ou a qualquer lugar onde há um espírito que pede e que sofre.

As rogativas de cada um, então, são anotadas e examinadas por nós, procurando estabelecer a natureza da prece, os seus méritos e deméritos, sua elevação ou inferioridade para podermos determinar os socorros necessários. Até as orações das crianças são tomadas em consideração: qualquer pedido, qualquer súplica, tem a sua anotação particular.

Há orações sublimes que se elevam da Terra até o nosso distrito, tão puras elas são, todavia, que atravessam as nossas regiões como jatos de luz, buscando esferas mais altas e mais elevadas que a nossa. Existem, igualmente, as imprecações mais negras e mais dolorosas. Todas, contudo, merecem o
nosso particular carinho e acurada atenção.

Há muitos espíritos elevados sob as ordens imediatas de Aulus, e que vêm até nós transmitindo as ordens necessárias. Chamamo-los anjos, para te dar a expressão do respeito e da veneração que esses elevados seres nos merecem, e sempre um desses anjos chefia as nossas expedições para atender os que erram e padecem, nos torvelinhos da luta material.

Maria João de Deus

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101/124 COMO NUM GRANDE DISTRITO

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O local onde nos encontramos é como se fora grande distrito terreno, sob a orientação de um chefe. Ainda outro dia, desejavas saber as coisas mais pormenorizadamente e eu busco satisfazer-te a curiosidade.

Nosso governador chama-se Aulus, se é que posso transmitir-te o nome em linguagem equivalente ao dicionário terreno. É um elevado espírito, cujo progresso e superioridade estamos distantes de alcançar. Foi um dos mártires anônimos do cristianismo nascente e, desde épocas remotas, semelhante entidade vem acendrando a sua evolução que segue em altos vôos para o regaço do amor de Deus. Chamamo-lo Príncipe, se é que podemos dizer-te tudo, de modo que possas compreender.

E, quanto a nó, que o obedecemos alegremente, integrados no conhecimento da hierarquia que aqui é alguma coisa bem mais sagrada que a que se conhece na Terra, não estamos inativos. Toda a atividade do distrito espiritual sob a administração de Aulus se compõe de núcleos destinados a socorros e auxílios a quantos se debatem entre as incertezas e as lágrimas da Terra.

Maria João de Deus

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100/124 UMA TERRA APERFEIÇOADA

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Aqui, filho, sinto-me surpreendida, porque vejo uma espécie de continuação do planeta que deixamos. Imagina a Terra, cheia de suas belezas naturais, porém, moralmente mais aperfeiçoada e terás a imagem dessa segunda esfera que me serve de habitação.

Temos casa, pássaros, animais, reuniões, institutos como os das famílias terrenas, onde se agrupam os espíritos através das mais santas afinidades.

A arte aqui é mais linda e mais perfeita e, como o culto a Deus, faz parte integrante de todas as coisas de nossa nova vida, há muita alegria
entre nós.

Eu, por exemplo, sinto-me rodeada de companheiros muito bondosos, com quem me entrego às tarefas que me são afetas.

Maria João de Deus

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99/124 NO PLANO DOS DESENCARNADOS

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Ainda há pouco tempo, meu filho, manifestaste o desejo de que eu te descrevesse o local onde agora me acho no plano espiritual. É bastante difícil
uma descrição literal, com respeito ao meu novo ambiente, mas vou tentar fazê-lo, apesar das deficiências naturais que se me apresentam.

A terra é o centro, isto é, a sede de grande número de esferas espirituais que a rodeiam de maneira concêntrica. Não posso precisar número dessa esferas, porque elas se alongam até um limite que a minha compreensão, por enquanto, não pode alcançar.

Quanto mais evoluído o ser, mais elevada será a sua habitação, até alcançar o ponto em que essas esferas se interpenetram com as de outros mundos mais perfeitos, seguindo os espíritos nessa escala ascendente do progresso, sob todos os seus aspectos. Somente agora consegui passar à segunda esfera, depois de penosos labores em favor do burilamento de minha personalidade. Procurarei resumir o mais possível para oferecer-te uma idéia do meu habitar.

Maria João de Deus

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98/124 UM ADEUS

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Meu filho, aí estão, nas minhas cartas despretensiosas, as primeiras impressões do meu espírito na vida do Além-Túmulo.

Por mais que me esforçasse, não pude ser fiel nas minhas descrições referentes ao aspecto que formam os ambientes dos desencarnados. Objetos e panoramas, que não se coadunam com as coisas conhecidas na Terra, é natural que permaneçam alheios à compreensão do homem e daí surge a dificuldade para que a alma liberta se manifeste com o objetivo de esclarecer as criaturas terrenas quanto à vida extracarnal.

Minhas páginas refletem justamente o panorama dos planos da erraticidade no desenrolar da última catástrofe mundial, que enlutou milhares de corações, quando se verificou o meu afastamento da vida material. Elas podem, aos olhos dos incrédulos, estar repletas de afirmações audaciosas e pouco acessíveis ao entendimento. Mas a morte é soberana e um dia os crentes e os descrentes atravessarão os caminhos da vida errática e hão de se certificar no sentido das coisas espirituais.
Ao fim dessa série de minhas elucubrações, dou graças a Jesus por havê-las conseguido e ao caridoso Guia, que me auxiliou na exposição das idéias, ajudando-me nas deficiências da minha incultura.

Nos momentos em que me aproximava de ti para escrever, sentia-lhe a salutar influência, ditando-me trechos inteiros para que eu os transmitisse
com a fidelidade possível. Vezes inúmeras corrigia a pobreza das minhas faculdades de expressão e a ele devo o que pude grafar por teu intermédio.
Possivelmente, meu filho, mais tarde prosseguirei escrevendo algo de novo; contudo, enquanto se cale a minha voz, continua desempenhando a
tarefa que se foi confiada, fazendo jus ao salário do bom trabalhador.

Nós sabemos o quanto tens sofrido no cumprimento dos teus deveres mediúnicos. Sacrifícios, dificuldades e provações, inclusive os espinhos aguçados,
que polvilham as tuas estradas, tudo isso representa o meio de redenção que a magnanimidade do Senhor nos oferece na Terra, para o nosso resgate
espiritual.

Suporta pois corajosamente, com serenidade cristã, os revezes da tua existência.

Exerce o teu ministério, confiando na Providência Divina.

Seja a tua mediunidade como harpa melodiosa; porém, no dia em que receberes os favores do mundo como se estivesses vendendo os seus acordes, ela se enferrujará para sempre. O dinheiro e o interesse seriam azinhavres nas suas cordas. Sê pobre, pensando n’Aquele que não tinha uma pedra onde repousar
a cabeça dolorida e, quanto à vaidade, não guardes a sua peçonha no coração. Na sua taça envenenada muitos têm perdido a existência feliz no plano espiritual como se estivessem embriagados com um vinho sinistro. Não encares a tua mediunidade como um dom. O dom é uma dádiva e ainda não mereces favores do Altíssimo dentro da tua imperfeição. Refleti que, se a Verdade tem exigido muito de ti, é que o teu débito é enorme diante da Lei Divina.

Considera tudo isso e não te desvies da humildade.

Nos tormentos transitórios da tua tarefa, lembra-te que és assistido pelo carinho dos teus Guias intangíveis.

Nas noites silenciosas e tristes, quando elevas ao Ilimitado a tua oração, nós, estamos velando por ti e suplicamos a Deus que te conceda
fortaleza e resignação.

A vida terrena é amarga, mas é passageira.

Adeus, meu filho!… Dentro de todas as hesitações e incertezas do teu viver, recorda-te que tens neste outro mundo, para onde voltarás, uma irmã
devotada que se esforça para ter junto dos filhos, que deixou na Terra, o mesmo coração, extravasante de sacrifício e amor.

Maria João de Deus

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97/124 A MISSÃO CONSOLADORA DOS ESPÍRITOS NA TERRA

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Mas, nesse momento, houve naquela maravilhosa preleção, estranho staccato. Um relâmpago indescritível, esplêndido na sua beleza e silêncio iluminou as profundezas do ilimitado. Eu não saberia contar o que se passou então; um sentimento intraduzível de êxtase e veneração se apoderou de nossas almas fazendo-nos curvar, cheios de compunção e de lágrimas.

Todos os espíritos, que ali se confraternizavam, sentiram como eu, nessa hora, uma energia nova e, sem saber relatar o que se passara, adquirimos uma força que não possuíamos, uma estranha iluminação, fazendo-nos volver à superfície da Terra, para a qual trazemos a missão consoladora.

Desde esse instante integramos às fileiras dos que pugnam pelo aparecimento de uma nova era para a humanidade e, laborando ao lado de todos quantos se experimentam sob o aguilhão da carne, esclarecendo-os e confortando-os, de forma indireta, sem que sintam de maneira tangível a influência de nossa ação, nós queremos dizer a todos os homens como nos foi dito, naquele inenarrável momento:
– Sigamos a Jesus!… Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida!…
E que o Celeste Enviado, na sua infinita misericórdia, faça cair em todos os corações a luz maravilhosa do divino relâmpago do seu amor.

Maria João de Deus

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96/124 PELA OBRA GRANDIOSA DA RESTAURAÇÃO DAS CRENÇAS PURAS

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Não me é possível reproduzir com fidelidade absoluta tudo quanto escapou dos seus lábios, apenas, nas minhas expressões grosseiras, posso sintetizar a moral da sua inesquecível preleção:

“Irmãos, – iniciou ele, – em vossas experiências nos planos da erraticidade, compreendestes como são fugazes as ilusões do mundo físico!…
Felizmente já vos despojastes do corpo de impressões materiais, que conserváveis dentro das lembranças nocivas daquilo que, em sua maior parte, constituía o lado prejudicial da vossa existência passada. Repousastes no fim de labutas insanas e penosos trabalhos, reconstituindo o vosso organismo espiritual, combalido nas lutas.

Agora faz-se preciso que vos reergais para as tarefas dignificadoras!

Na face longínqua da Terra estão ainda, sonhando e padecendo aqueles que amastes; na superfície desse orbe distante, lutam os homens, obsecados pelo orgulho e pela impenitência. Lá, todo um campo ilimitado de trabalhos se desdobra às vossas vistas. Guerras destruidoras, sentimentos aviltantes, corações aflitos, coletividades sofredoras, trabalhadas pelas mais duras privações, leis absurdas, ignorância, martírio, insânias, tudo se confunde,
esperando a luz espiritual.

Os homens têm lutado por muitos séculos procurando a verdade, onde ela não se pode encontrar. Um dia lhes foi dado contemplar a face luminosa do Divino Plenipotenciário. Houve regeneração parcial dos abusos que se perpetravam e observou-se grande argumento da civilização. As criaturas humanas, porém, esqueceram muito depressa o Sublime Enviado. Os abusos de toda espécie reapareceram; a verdade foi obscurecida e o erro se restabeleceu no mundo.

Os homens, no seu afã de saber, criaram então as filosofias e as ciências, as quais, contudo, não podem ir além da matéria, em sua expressão mais grosseira. No orbe terreno, pois, verifica-se atualmente o eclipse das luzes espirituais.

Cabe-nos operar o movimento grandioso de restauração das crenças puras. Voltemo-nos para o solo ingrato daquele mundo de experiências e provas, onde o pão, que nutre o corpo, se mistura com os prantos amargosos das almas.

Trabalhemos! Levantemos as criaturas humanas da sua inércia moral.

Verifiquemos a nossa ação sob as vistas amoráveis daquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida…”.

Maria João de Deus

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95/124 O LÚCIDO MENSAGEIRO DO SENHOR

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Parecia que nos achávamos num templo maravilhoso do infinito, sem limites nos portentos de sua grandeza.

Elementos de vida penetravam profundamente em nosso ser, enchendo-nos de uma deliciosa sensação de bem-estar agradabilíssimo.

Verdadeira multidão de almas ali se conservava, quando, numa graciosa elevação da substância que constituía a superfície desse orbe, como se fora um cômoro de névoas opalinas, materializou-se um dos mais lúcidos mensageiros do Senhor, que já me foi dado ouvir na existência do AlémTúmulo.

Uma túnica delicada e leve, à maneira romana, caía-lhe dos ombros, mas o que sobremaneira nos encantava era o extraordinário poder atrativo que se irradiava de toda a sua personalidade.

As suas palavras derramavam-se nas nossas almas, como bálsamos deliciosos, tal a profundeza do seu ensinamento aliada à mais encantadora magia.

Maria João de Deus

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94/124 JESUS É O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA

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Pareceu-me que eu havia concluído um curso de preparação na vida errática, porque, naquele dia, fui levada por amorosos e devotados guias a um local maravilhoso pela sua amplitude e beleza.

Tratava-se de uma esfera fluídica, comparando-se as matérias delicadas de sua constituição com os elementos grosseiros, característicos da Terra.

Uma vasta superfície, como um campo divino, tínhamos sob os nossos olhos; a claridade, que se espalhava, iluminando-o, era abundante, mas não ofuscava, de forma que, sobre as nossas frontes, víamos o zimbório celeste, recamado de estrelas tremeluzindo…

Mais me impressionavam porém as flores estranhas, de bizarros contornos, que espargiam no ambiente um capitoso aroma…

Maria João de Deus

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93/124 A VIDA, ETERNO FENÔMENO DOS JOGOS VIBRATÓRIOS

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Assisti a cerimônias extravagantes e esquisitas, regressando, depois de terminadas, pelos mesmos caminhos a que me referi. Aquele iniciado, ao grafar as idéias no papiro, experimentava a lembrança dos seus venerandos mestres.

As vibrações da sua mente haviam impregnado aquele objeto e a sua prece estava ali patente e imortal.

Concluída a minha experiência, ouvi a voz do meu guia a exclamar:

– “Considera, minha filha, como todas as coisas têm a sua história!… A vida é o eterno fenômeno dos jogos vibratórios e tempo virá em que as almas
na Terra compreenderão o papel do espírito na sua esfera infinita de influenciação. Nessa era nova, os homens verão mais além e hão de construir, com os seus conhecimentos, a felicidade eterna.

Maria João de Deus

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92/124 NO ANTIGO EGITO

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Relacionei-me com a existência do sacerdote em apreço e senti as suas impressões no instante em que formulara a sua rogativa…

Vi ao meu lado a grande pirâmide e não muito longe divisei o vulto da esfinge gigantesca no deserto de areia, porém não trazia em si o vestígio do tempo e das tempestades.

Sobressaía do seu aspecto imponente, grandioso, o esplendor das eras faraônicas…

Lobriguei no corpo majestoso da pirâmide uma porta lateral, onde penetrei acompanhando aquele sábio egípcio em suas meditações profundas; atravessei corredores sinuosos e câmaras escuras, repletas de ar sombrio, como se fossem povoadas de espectros ameaçadores.

Chegada a certa altura, desci por caminhos tenebrosos, onde haviam os maiores perigos para uma alma encarnada; símbolos terríveis se apresentavam àquele iniciado e admirei a coragem desse homem de nervos férreos, que não temia a sombra, a ameaça e a morte.

Através de peripécias inenarráveis, chegamos a um templo subterrâneo de regulares proporções, entre cujas paredes se abrigavam muitos homens silenciosos, bizarramente trajados.

Eu vi, porém junto deles muitos seres espirituais; e dentre os presentes destacava-se a figura majestosa e complacente de um velho que, certamente, era o supremo hierofante ou grande sacerdote da comunidade.

Vi-o estender os braços horizontalmente, pronunciando palavras num idioma para mim ininteligível mas das quais pude alcançar a essência, penetrando-lhe o pensamento.

Maria João de Deus

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91/124 A FERVOROSA INVOCAÇÃO A HORUS

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Certa ocasião eu quis experimentar se não poderia ver algo fora dos assuntos relacionados com o recanto do mundo em que vivera e tomei para isto, um antigo documento guardado por egiptólogos com atenção e carinho.

Tratava-se de um papiro, que trazia uma inscrição hieroglífica, da qual não pude saber de relance a expressão textual; todavia, revirando-o nas mãos, senti alguma coisa de extraordinário.

Entrei em relação com o estado vibratório do seu antigo possuidor quando ali grafara o complicado texto e soube logo que se tratava de uma fervorosa invocação a Horus, formulada por um sacerdote tebano, em momento de angustiosa expectativa. O que senti, então, foi algo comparável ao que experimentam todos quantos possuem o dom da psicometria.

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90/124 MOMENTOS INICIAIS DA COLONIZAÇÃO DO BRASIL

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Minha visão estendia-se mais e mais e vi o solo brasileiro habitado pelos aborígenes, admirando as suas bizarras manifestações de crença, sua maneira especialíssima de viver, vi a chegada dos primeiros colonizadores e a luta que se travou entre eles e os naturais.

Auscultando os pretéritos longínquos, tenho pessoalmente razões para acreditar que o continente americano nada tinha de novo e que foi das suas grandiosas extensões que saíram, aos magotes, os emigrantes para a criação dos surtos civilizadores de outras terras.

Era para mim, portanto, um mundo novo de sensações, poder regredir ao passado, sentir a ansiedade dos agrupamentos coletivos e vibrar com a sua vida intensa.

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89/124 OS DÉSPOTAS À PROCURA DA REDENÇÃO MORAL

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Poderosos e déspotas romanos, inquisidores da igreja, algozes das coletividades, inúmeros tiranos de todas as épocas buscaram a purificação pelos trabalhos do cativeiro, dominando climas bravos, devassando florestas inóspitas e afrontando vexames na procura de sua redenção moral.

Maria João de Deus

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88/124 FAMINTOS DE LUZ E DE PAZ

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Em quase nenhuma das personalidades que se me deparavam aos olhos, via a auréola de glória que a posteridade lhes havia dado; ao contrário, pude constatar que inúmeros daqueles, que são venerados pelos homens com o incenso de um falso patriotismo, não passavam de míseras almas fracassadas em seus bons propósitos, conservando-se, além dos véus físicos, famintas de luz e de paz.

O que mais me comoveu, nos quadros animados, que eu via da existência coletiva da nacionalidade, foram os rasgos de heroísmo, os romances de miséria e dor, as páginas sangrentas da escravidão do Brasil. Vi seres crucificados em suplícios dantescos, perseguidos por dores lancinantes, infligidas por senhores desalmados e cruéis; mas pude saber também que naquelas vestes de infortúnio e padecimentos se ocultavam antigos dominadores e verdugos da humanidade em eras de antanho, os quais resgatavam penosamente as dívidas de outrora.

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87/124 OS ERROS DA HISTÓRIA

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Vi, primeiramente, os quadros atinentes ao passado local da cidade em que nascera, os quais são em demasia sem relevo para que a eles me refira.

A minha visão, porém, foi ampliando-se estendendo-se no espaço e no tempo com relação à existência da pátria. Contemplei, emocionada, em razão do fenômeno que se operava, os seus grandes acontecimentos históricos como revoluções intestinais, lutas com o estrangeiro, fatos políticos e sociais.

Vi o desenrolar de muitas cenas, donde se irradiam efeitos benéficos ou nefastos para todo o país, porém a tudo assistia admirada de não ver as solenidades e pompas de que se faz a história acompanhar nos seus erros descritivos.

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86/124 INVESTIGAÇÕES ESPIRITUAIS

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Sabendo contudo que, com a ajuda do recolhimento em preces constantes, cada um de per si, paulatinamente, poderia fazer as suas investigações, esperei pacientemente a minha vez.

A princípio, quando me entregava a esses exercícios, parecia-me adquirir um segundo estado mental em que os meus pensamentos eram coisas movimentadas, ativas e palpáveis.

Nada havia neles de abstrato ou de imaginário, caracterizando-se todos os elementos por traços especiais.

Até hoje não sei se os quadros por mim lobrigados eram um retrospecto de minh’alma às suas próprias existências passadas ou se fui observadora de paisagens, fotografadas para sempre nos raios da luz que nos circundavam em toda a parte.

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85/124 PARA DESPERTAR A CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL

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Organizavam-se, então, reuniões no ambiente em que me encontrava, onde vários mentores espirituais operavam, como se fossem êmulos de Mesmer, em experiências magnéticas.

Espíritos desejosos de relação com o passado entregavam-se passivamente como os sujets nesses estudos, com a diferença de que não perdiam a consciência do seu “eu”, conservando-se atentos a todo o ensinamento.

Esses estudos não eram, pois, completamente análogos aos vossos; representavam somente o esforço de uns para que se despertasse com mais rapidez a consciência espiritual, em toda a grandeza do seu poder vibratório.

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84/124 A HISTÓRIA VIVA DAS COISAS

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Depois de nos adaptarmos à vida livre dos espaços, quando o ser não se encontra de baixo de paixões absorventes e a sua consciência se despovoa das lembranças penosas, compreende-se quão sublimes são os atributos das almas, ornamentos luminosos do incomparável dom divino da inteligência.

Uma das faculdades, acerca da qual ouvia maravilhosas dissertações, era a que fornecia ao espírito o poder de penetrar o passado longínquo, não para se examinar individualmente, mas para o estudo de épocas, de costumes, de civilizações, de raças, lendo a história viva da evolução humana.

Eu ainda não me aventurara nesse terreno para o qual me julgava balda de forças; todavia, alguns estudiosos sentiam com tamanha intensidade a sede de auscultar o pretérito da humanidade, que solicitavam o auxílio de mestres aptos a coadjuvá-los para isso.

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83/124 HISTÓRIA DE UMA REENCARNAÇÃO

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Experimentei nessas sensações de volta ao passado o vácuo de meu coração envenenado pela atração dos gozos mundanos, antes de retornar ao orbe para minha derradeira encarnação; vi-me como um ser errante, sem destino, crucificado pelo isolamento e pela condenação da consciência poluta.

Perambulando, mas retida no mesmo lugar como se fora chumbada ao solo, encontrei alguém que reconheci ser um espírito querido à minha existência. Aproximei-me, então, depois de longa ausência, daquela que me serviu de mãe, a quem conhecestes. Como me sensibilizou vê-la naquela situação de humildade, lutando com mil asperezas num destino de pobreza ingrata!

Acerquei-me daquela jovem de faces maceradas nos trabalhos e lembrei as alegrias mentirosas de que fomos partícipes no passado. Tive ímpetos de incitá-la a abandonar as tristezas da sua vida material, mas uma voz imperiosa ordenou que eu me prostasse de joelhos.

Contemplei genuflexa o seu semblante cheio de serena grandeza no infortúnio e chorei, chorei, muito, exclamando:

– “Oh! Tu que já sorveste comigo, na taça das efêmeras felicidades da Terra, o mesmo vinho de envenenado sabor, e que hoje resgatas na túnica dos pobres e dos humilhados as dívidas de outrora, ajuda-me em meus bons desejos!…

Eu quero também esconder nos trapos da plebe anônima e sofredora as úlceras da minha enorme desdita. Lavarei com lágrimas as nódoas da minha consciência. Seja eu sangue do teu sangue, carne da tua carne! Dá-me das tuas vestes e das tuas preocupações, dá-me dessas dores que hoje te crucificam e desses desgostos que desfazem os teus enganos e ilusões, porque só eles, só esses sofrimentos salvadores, balsamizarão as minhas feridas, devolvendo-me a paz consoladora.

Recebe-me, oh espírito bem amado, afaga-me em teu carinhoso regaço para eu adormecer esquecendo!… Eu tenho necessidade de olvido numa luta nova!…”

Nessas rogativas sinceras, vi que o rosto daquela mulher se cobria de lágrimas; pensamentos tristes e amargosos envolviam-na. É que os meus apelos repercutiram no seu coração.

Chorando, chorando, senti-me exausta de forças, sem poder erguerme da prostação; vibrações de uma brisa misteriosa varriam, entretanto, do meu cérebro esgotado, as mágoas e as preocupações.

Eu perdia a consciência de mim mesma… É que dava o primeiro passo para o meu renascimento na Terra e, segundo os meus desejos, aquela mulher me recebia em seu seio para, igual a ela, sorver o fel da provação redentora e, imitando-a, fui também mãe para sofrer e me redimir.

Maria João de Deus

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82/124 VISÕES COMOVEDORAS DO PASSADO

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Pediu que me conservasse mentalmente numa atitude passiva e, com as mãos sobre a minha fronte, colocou-se na posição de magnetizador. A princípio senti a sensação de abalo, mas sem o mais leve traço de sono ou de inconsciência, experimentando antes um extraordinário aumento de lucidez e observando maior agudeza de percepções.

Comecei, então, a ver, não exteriormente, mas em meu íntimo, uma série de coisas e de acontecimentos a que me sentia indissoluvelmente ligada sem o saber. Vi seres aos quais me pressentia jungido por inquebrantáveis algemas e lhes ouvi a voz terrível ou acariciadora…

Eu ia compreendendo todos esses fatos que se sucediam uns aos outros. Ah! Se vi algo nesses panoramas retrospectivos que me trouxe gratos prazeres ao coração, também enxerguei as misérias de minh’alma necessitada de esclarecimento e redenção e, – se não é possível relatar todas as visões daqueles minutos em que me coloquei sob o império da excitação vibratória provocada pela bondade do meu guia com os seus poderosos fluídos, – posso dizer-vos de uma cena tocante, eternamente gravada em meu espírito.

Maria João de Deus

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81/124 A EXPLICAÇÃO DO MESTRE

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Intrigada com esses problemas procurei, como sempre fiz, apelar para as almas beneméritas que nos guiavam em nossa ignorância. Um desses mestres explicou-me.

– “A descrença e a hesitação de que vos achais possuída é, ainda, questão das idéias reflexas, das quais só o tempo, aliado ao bom desejo, vos poderá despojar. A vossa mente é quase a mesma que no mundo vos caracterizava. É preciso meditar muito sobre esta condição, porque as impressões que trouxestes podem perdurar por longo tempo, caso não desejeis com sinceridade evitar essa ignorância e cegueira espirituais”.

Solicitei a sua assistência e auxílio ao que ele prometeu coadjuvar no mesmo instante, a fim de me certificar quanto à realidade das existências transcorridas.

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80/124 A NECESSIDADE DE DIFUSÃO DAS VERDADES ESPIRITUAIS

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Através destas palavras reconhecereis como se faz precisa a difusão das verdades espiritualistas no mundo; só elas servem de base a todos os edifícios religiosos, escoimando a mente de fardos perigosos.

Habituada a acatar incondicionalmente os ensinamentos da Igreja, mantinha também as minhas vacilações quanto à crença nas existências passadas.

Por que não me lembrava delas, já que não possuía mais o corpo terreno? Já que a morte me havia arrebatado dos planos materiais, era natural que não tivesse justificativa aquele esquecimento.

Entretanto, todos os mentores espirituais, que nos dirigiam, discorriam sobre o nosso pretérito longínquo… Falavam dos compromissos a resgatar, das dívidas penosas, das lutas necessárias ao nosso desenvolvimento.

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79/124 A REVELAÇÃO DECISIVA PARA OS RELIGIOSOS E OS ATEUS

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É verdade que nós, os católicos, não encontrávamos o purgatório e os seus instrumentos de suplício depurados, nem o inferno de anjos e virgens.

Os protestantes de certas escolas reconheceram-se despertos, sem o sono em que se diz estarem mergulhados os mortos, à espera do juízo final.

Nós, os religiosos, não acharemos o que nos prometiam as nossas Igrejas, como os ateus não encontrarão o nada em que acreditaram. A posição de todos, porém, nesse assunto, era de expectativa, segundo presumi, e cada qual se escorava nas suas interpretações pessoais, à espera de que os acontecimentos corroborassem às suas desconfianças.

A ignorância, de que dávamos testemunho com as nossas dúvidas em fase daquilo que os pregoeiros da verdade nos vinham ensinar, era oriunda de nossa persistência no atraso espiritual, infensos a toda idéia nova e arraigados em benefício do nosso progresso.
Essa resistência obstava a necessária amplitude de estado vibratório do nosso espírito para que nele desabrochassem as recordações adormecidas. É assim que justifico a ignorância havida com respeito ao passado.

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78/124 NOS DOMÍNIOS DAS RECORDAÇÕES

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Nos planos da erraticidade, onde me encontrava, poucos eram os seres cuja mente, em toda a intensidade das suas vibrações, já havia desabrochado o domínio das lembranças relativas às existências passadas.

Nesses tempos imediatos ao post-mortem, repontados de impressões físicas, as quais persistem em algumas entidades anos a fio, a vida é quase cópia da existência da personalidade terrena e foi assim que conheci inúmeros companheiros, que duvidavam dos ensinamentos dos mestres quando se referiam aos pretéritos longínquos; e alguns deles me asseveravam não poderem admitir a multiplicidade das existências da alma.

Semelhantes crenças eram o atestado da ignorância de quantos as abrigavam, pois, como nos planos terrestres, ou nas regiões que vos são ainda imponderáveis, a natureza não dá saltos.

Naquele ambiente misturavam-se os protestantes, os católicos, os professos de outras seitas, inclusive espíritos que militam nas hostes do materialismo mais avançado na superfície da Terra, e se aquelas falanges de almas não eram más, também não eram perfeitas.

Não discutiam acaloradamente, mas cada uma preferia guardar os seus pontos de vista em matéria religiosa, acariciados durante a vida inteira pela mais estranha devoção.

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77/124 O BÁLSAMO DO CONFORTO

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Ah, como me senti feliz em haver derramado sobre aquela alma sofredora o bálsamo do conforto!

Já sabia como proceder para consolar os infortunados e os infelizes, que aceitam a sua cruz com abnegação e devotamento, e se elevam espiritualmente, espalhando nos espaços a luz de seus corações resignados, a luz que é o distintivo dos redimidos em contraposição com os orgulhosos, que na Terra somente buscam as suas coroas, as quais rolam apodrecidas no sepulcro.

Continuei a reconhecer o valor das angústias depuradoras para os que resgatam na Terra as faltas do passado ou lutam pela evolução psíquica, reconhecendo que as dores constituem de fato os imperecíveis tesouros do mundo.

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76/124 A PRECE DA AFLIÇÃO MATERNAL

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Aguçada a minha curiosidade, quis entrar em relação com um pensamento luminoso que me seduzia, abandonando todos os outros, que nos circundavam, para só fixar a atenção sobre ele. Afigurou-se-me que os demais desapareciam, enquanto me envolvia nas irradiações simpáticas daquele traço de luz clara e brilhante.

Ouvi, então, longínqua voz a exclamar:

– “Meu Deus!… Meu Deus!… Atende ao meu coração de mãe desamparada. Se falta a mim e aos meus filhos a proteção do mundo, não vos falte a tu providência misericordiosa! Valha-me neste vale de lágrimas a tua bondade infinita, oh! Pai nosso que estais no céu…”
Ouvindo essa prece comovedora, vi igualmente uma figura de mulher ajoelhada e banhada em pranto. Num átomo de tempo, por intermédio de extraordinária interligação de pensamentos, pude saber qual a razão das suas lágrimas, das suas preocupações e como eram amargos os seus sofrimentos!
Sensibilizada com as manifestações daquela alma exilada, instintivamente enviei-lhe pensamentos consoladores, pronunciando palavras de fé e de esperança.

Como havia pressentido, via-a meditar por instante com o olhar cheio de estranho brilho, levantando-se reconfortada para enfrentar a luta, sentindo grande alívio.

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75/124 A AURA DA TERRA E A LIGAÇÃO DA HUMANIDADE AOS PLANOS INVISÍVEIS

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Da volta das regiões atmosféricas do planeta, fui induzida pelo meu preclaro companheiro a contemplar o que podemos chamar de aura da Terra.
Vi a princípio as camadas de espaço que lhe são imediatas como um todo homogêneo numa cor uniforme.
Mas o meu guia exclamou:

– “Busca ver como a humanidade se une pelo pensamento aos planos invisíveis. O teu golpe de vista abrangeu a paisagem, procure agora aos detalhes”.
Fixando atentamente o quadro, notei que filamentos estranhos, em posição vertical, se entrelaçavam nas vastidões sem confundirem. Não haviam dois iguais e as suas cores variavam do escuro ao claro mais brilhante. Alguns se apagavam, mas outros se acendiam em extraordinária sucessão e todos eram possuídos de movimento natural, sem uniformidade em suas particularidades.

– “Esses filamentos” – disse-me com bondade – “são os pensamentos emitidos pelas personalidades encarnadas; são reflexos cheios de vida, através dos quais podemos avaliar os cérebros que os transmitiam. Aos poucos conhecerás quais são os da concupiscência, os da maldade, os da pureza, os do amor ao próximo. Esses raros, que aí vês e que se caracterizam pela sua alvura fulgurante, são os emitidos pela virtude e quando nos colocamos em imediata relação com uma destas manifestações, que nos chegam dos espíritos da Terra, o contato direto se verifica entre nós e a individualidade que nos interessa.”

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73/124 A LEI DA GRAVITAÇÃO SUBORDINADA À VONTADE

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Mas uma voz salvadora murmurava aos meus ouvidos:

– “Não suponhas que te vais mergulhar nas extensões aquosas dos oceanos terrestres; o receio é injustificável porque a lei da gravitação agora está subordinada ao teu íntimo querer. Já não estás sob as leis físicoquimicas da Terra, cujas medidas e pesos nada mais significam para nós.
Pensa no local aonde mais desejaria retornar, idealiza-o na mente segundo as tuas lembranças e a vontade te guiará ao lugar de tuas preferências”.

Atentando bem nas advertências do mentor que me seguia, impulsionada pelo meu desejo, mudei de rumo e, como pensava nos seres caros, que no mundo havia deixado, repentinamente achei-me entre eles na nossa antiga habitação.

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